segunda-feira, 1 de agosto de 2016

domingo, 3 de julho de 2016

Ornitorrinco? Qual nada...

Bicho mais esquisito
que ornitorrinco
o que tem mil corações

Irmão das árvores mais antigas
ele mal sabe o que é...

Um nada que é tudo?
Um tudo que é nada?

Cabeça e braços de Apolo
num corpo de pulga

Pode haver bicho mais esquisito?

sábado, 4 de junho de 2016

O violino é o instrumento mais espiritual

Se você estava certa
Quando dizia haver outras vidas,
Então teremos outra chance.

Chove fino e estou feliz,
Como em Saudade Azul,
Meu pequeno poema que você não leu.

Não sou mais triste,
E você sabe,
Pois ouve este violino
E ouve meu coração.

Talvez um dia eu aprenda a amá-la
E seja belo como minhas palavras,
Se mais vidas houver.

De qualquer forma,
Sempre será poesia o que houve,
Exatamente como este violino...

Como este violino,
Espiritual como você e como o amor
E que me insinua baixinho:

"Talvez ela esteja certa."

domingo, 22 de maio de 2016

Mortinha da Silva


A poesia está morta
Porque não pode ser um produto para consumo de massa:
Heterogênea demais
Esquisita demais
Humana demais.
Como engarrafar esse vômito? Como embalar esse coração?

A poesia nem sempre é palatável
A poesia escorre sangue humano fresco
A poesia às vezes fede
Quem vai comprar isso?

Toda a contracultura foi massificada habilmente,
Mas a poesia não.
Culpa dos poetas, muito individualistas:
“Muito eu e pouco nós”
Diriam os comunistas.

E descubro boquiaberto que a massificação é comum a sistemas antagônicos como o capitalismo e o comunismo,
Mas à poesia não
(Hein? Revolução permanente? Ideia descabida daquele maluco...)
Por isso ela está morta. Coisa sem utilidade, sem mercado. Impalpável. Rebelde sem causa. Não se enquadra em nada. Quem ela pensa que é?
Você há de concordar: o que não tem mercado é cacareco.

Um feirante vendendo poesia vai comer?
“Minha senhora, um cacho de poesia fresquinho, só dois real, vai querer?”
“É de comer? Então não. E ainda vai me dar trabalho ler, moço, tenho mais o que fazer.”

A poesia está morta, do ponto de vista do capitalista e do comunista,
Ambos sempre em busca de padronizar algo, e da moça abordada na feira.
E o poeta é um tonto que perde seu tempo escrevendo versos que nada lhe renderão, sob o ponto de vista dos três.

É isso:
A poesia azeda a massa
Não se incorpora a ela
Não dá liga como a boa massa

Mas é pitéu para a traça
(Se isso lhe servir de consolo, seo nefelibata)

Uma definição de Poesia

Sensibilizar, dar pulso, forma e autenticidade a palavras que pretendam delinear uma sensação, emoção ou ideia.